O tempo é o nosso palco, onde o universo acena à nossa história, mas ninguém sabe quem escreveu o roteiro que estamos vivendo. Me chamo Junior, mas muitos me conhecem como Juninho. Eu tenho 18 anos. Bom, esse aí sou eu: carregando algumas caixas de tomate, passando algumas compras dos nossos clientes - alguns são até bem simpáticos. Às vezes é um pouco cansativo, mas é o que tenho no momento.

Quando não estou trabalhando, estou no trânsito. Eu terminei o ensino médio, mas não consegui continuar meus estudos. Moro com meus pais e ajudo com as despesas de casa. Meu pai tem dois empregos, e minha mãe trabalha bastante e ainda cuida do meu irmão. Mas não dá pra reclamar: pelo menos eu tenho emprego. O Lucas, meu vizinho, não está conseguindo, e as coisas estão bem difíceis na casa dele.

Tem momentos em que penso: a única coisa que eu queria era ter mais tempo para mim, para poder correr ao ar livre, estudar e encontrar alguns amigos. Bom, mas isso já é coisa do passado. Hoje as coisas não são bem assim. Me tornei um profissional do audiovisual. Quer saber como? Com o meu celular em mãos!

Comecei a fazer alguns atendimentos, fui recebendo boas avaliações e subindo de nível, ganhando clientes, e logo as coisas foram melhorando. Aluguei um apartamento com meus colegas. Agora consigo organizar melhor os meus horários e ter tempo para mim. Voltei a estudar e, às vezes, ainda encontro meus amigos.

Tem dias que são corridos - faço duas ou três coberturas de audiovisual -, mas é porque vale a pena. Depois que saí de casa, meus pais ficaram com uma boca a menos para sustentar. Meu pai às vezes fica meio nervoso porque precisa fazer muitas corridas durante a noite para ganhar a grana que eu faço em apenas um trampo. Além disso, é cansativo à beça pra ele. Sem contar que ele alugou um carro com seguro e tem todas essas despesas.

No meu caso, posso fazer minha grana apenas com o celular em mãos. Estou convencendo ele a entrar no mundo do audiovisual, aprender fotografia. Acho que ele leva jeito. Ah, outra coisa que esqueci de falar: não trabalho mais apenas com o celular. Comprei uma câmera nova e uma lente muito massa! Tenho até um drone e faço coisas iradas com ele!

E o melhor de tudo: hoje eu sou o senhor do meu tempo. O tempo é precioso, e é o nosso principal ativo. O tempo é sentido pelo coração, como um relógio. Essas batidas e o relógio formam uma grande orquestra.

E eu sou o maestro!